Clichês

Dizem que não existe nenhuma história que ainda não tenha sido contada. Todas são versões de outras histórias já contadas antes. Kurossawa fez isso em seus filmes, adaptando Shakespeare. Hollywood, em sí, conta a mesma história há anos, apenas mudando personagens, lugares, e uma cena de ação aqui e outra ali. Vemos as mesmas histórias com olhos de quem nunca tinha presenciado aquilo. No fundo, nos deliciamos com a sensação de que sabemos como vai terminar, mas fingimos não saber. Filmes de ação, dramas, comédias românticas (a mocinha sempre termina com o cara certo no final). É praticamente uma fórmula pronta.

E, assim como não existem ficções que ainda não foram contadas, não existe realidade que já não tenha acontecido. Quando somos jovens, acreditamos que somos os únicos que viveram aquela situação, aquele sentimento, até aquele momento. Parece que estamos escrevendo um capitulo novo num livro antigo.

Pode-se dizer que a nossa vida é um clichê. Os problemas no trabalho que um tem, outro já viveu. Relacionamentos que começam de forma diferente, não foram os primeiros, já que antes, outros relacionamentos já começaram assim. Algumas coisas mudam. Por exemplo, relacionamentos que hoje começam pela internet, um dia começaram por correspondência. Mas, a essência da história ainda é a mesma.

“Eu vejo o futuro repetindo o passado” cantou Cazuza. Ou, como os historiadores gostam de dizer “compreender o passado, para entender o futuro”. A lei do eterno retorno, em que um ato vai se perpetuar, enquanto houver alguém para atuar nele. Na nossa própria vida isso acontece o tempo todo. Cometemos erros em um relacionamento, que, se não mudarmos nossa forma de agir, ou pensar, cometeremos os mesmos erros, e os relacionamentos acabarão como os outros.

Somos feitos de qualidades e defeitos que dizem a nossa forma de conduzir nossas vidas, e isso acaba nos dando a sensação de que as coisas sempre se repetem. Se repetem pois pensamos sempre da mesma forma. Gostamos de certas atitudes do outro, queremos que a pessoa nos diga o que sente da mesma forma que a anterior dizia. Toques nos mesmos lugares. E, conduzimos a história da mesma forma, que parece que estamos num eterno clichê hollywoodiano.

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