Fotografias

 

A responsabilidade é desses dois, por eu ser apaixonado por fotografia

Eu sou do tempo que se fotografava com filme. Era um processo longo, e complicado, se fosse feito por conta própria. O filme era retirado da câmera (odeio a palavras “máquina”, que eu aprendi com meu professor de fotografia que era “câmera”… máquina era de lavar, ou de escrever), de preferência num lugar mais escuro, pois era extremamente sensível a luz. Depois, ainda no escuro, era colocado num recipiente, e mergulhado numa série de produtos químicos, com o intuito de fazer a imagem do filme aparecer, e ele não ser velado na luz.

 

Depois, era colocado num projetor, numa sala com luz vermelha. A idéia era projetar a imagem sobre uma folha de papel foto-sensível (foto=luz, portanto, fotografia=escrever com a luz) que não era sensível à luz vermelha. O projetor tinha uma película protetora nesta cor, e quando era retirada, o papel recebia a imagem, gravando-a. A seguir, era mergulhado em mais alguns produtos químicos, que tinham o mesmo propósito que no caso do filme, revelar a imagem, e fixa-la no papel. Tinha um tempo certo para manter tanto o papel sob o projetor, quanto mergulhado nos químicos.

Mesmo na época, os filmes eram caros. Tinham 36 poses no máximo, e custavam entre R$ 12 e R$20, portanto não se via ninguém disparando a câmera a torto e a direito. Mesmo num evento social, eram feitos 5 a seis rolos de filmes, tendo menos de 500 fotos. Com o processo digital, pelo menos 1000 fotos, ou enquanto couber no cartão. Não existia Photoshop para corrigir. Até existia, mas eram poucas as pessoas que tinham “cacife” para bancar ele instalado no PC. Precisávamos pensar para não errar. E, errando, ia-se aprendendo a fotografar, não apenas “tirar” uma fotografia.

 

Foi nessa época que eu decidi que queria ficar apenas atrás das câmeras, não na frente delas

Não se pensa mais fotografia. Apenas se olha, e aperta o gatilho. Se olha no display, e se ficou boa, mantém, se não ficou, apaga-se. Qualquer um “tira” uma foto. Mas não é qualquer um que fotografa. É normal ver o casal que vai contrair bodas (me puxei agora…) e quando procura um fotógrafo, fica assustado com o valor cobrado. Ela olha pra ele e diz “Mas, tem aquele amigo do irmão do cunhado do tio do teu amigo da empresa, que foi pro Paraguai e trouxe uma mánica fotográfica. Ele podia fazer as fotos”. Chamam o cara, e as fotos ficam uma merda droga, e eles se arrependem até o fim do casamento, que, provavelmente vai durar apenas um ou dois anos.

 

Não vemos mais fotos impressas por ai. A maioria fica no computador, e vai para páginas de redes sociais. Algumas, são de assustar. Podemos refazer cada fotografia, até que ela fique exatamente como queremos. Qualquer defeito, ou porque piscou o olho na hora do flash, ou porque estava olhando para outro lado, ou porque estava falando bem na hora da foto, podem ser refeitos, e apagados. E estes momentos são esquecidos.

Reencontrei algumas fotos, alguns meses atrás, de quando eu era pequeno. Escaneei, e coloquei algumas na minha página do Orkut. Cada foto daquelas tem uma história, foi feita num momento específico. Hoje, tenho sempre comigo o meu celular, que faz fotos mais ou menos, mas é útil para as candid photos, que são aquelas fotos que ninguém espera que a gente vá fazer, e faz.

 

Fingindo que eu sei o que estou fazendo

Comecei a fotografar quando tinha quinze anos. Meu pai tinha uma Olympus Trip, uma câmera pequena, mas que tinha uma lente excelente. O segredo de qualquer foto não é a câmera, e sim o fotógrafo, aliado a uma boa lente. Na verdade, essa teoria valeria para a época pré-digital. Hoje, se faz necessário um bom equipamento. Mas, um bom equipamento, por si só, não garante uma boa fotografia. Com uma boa câmera em mãos, fui para a praia que sempre veraneei todos os anos da minha vida, e comecei a fazer meus cliques lá. As fotos não saíram muito boas, mas, foi assim que começou minha paixão.

 

Fiquei parado nos últimos dois anos. Tirando poucas fotos (mas isso já falei em outro post). É como andar de bicicleta. Muito tempo parado, cai-se alguns tombos, rala-se um ou os dois joelhos, mas a gente nunca esquece. E, só a perspectiva de voltar a fotografar já me traz um pouco mais de animação e entusiasmo na minha vida. Era o “plus a mais” que estava faltando.

Aprendi a fotografar como antigamente. E, acho que aprendi a amar dessa forma também. Não simplesmente apertando o botão, mas observando, e vendo qual o melhor ângulo que a imagem seria mais ricamente detalhada.

 

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Um pensamento sobre “Fotografias

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