Independência

Lá pelos idos de 7 de setembro de 1822, D. Pedro I, voltando de uma viagem, parou às margens do riacho Ipiranga, e por uma série de razões, brandou o grito da Independência do Brasil, “terminando” o elo que existia com Portugal.

Todo mundo sabe que isso é meio que apenas um ponto de vista, já que, de alguma forma, nunca fomos completamente independentes de ninguém. Os anos passaram, e apenas mudamos de “metrópole”. EUA, Inglaterra, Portugal… Foram algumas, sempre retirando recursos, emprestando dinheiro, fazendo favores…

Transpondo isso para o microuniverso de cada um. Somos realmente independentes? Algumas pessoas gostam de posar como sendo. Dizem que não precisam de ninguém, conseguem se virar sozinhas, enchem a boca ao falar sobre sua capacidade de se auto-sustentar. Mas, olhando mais de perto, notamos que NINGUÉM é independente.

Existem aqueles que terminam um relacionamento para poderem ficar sozinhos, ganhar um pouco de liberdade, respirar, e pensar na vida. Começam a dizer que não precisam de ninguém para serem felizes. Eu sou adepto da idéia de que realmente não precisamos de alguém para sermos felizes. Mas, estas mesmas pessoas que dizem compartilhar desta idéia, depois de poucos dias, ou no máximo semanas, estão com outra pessoa, não aguentando a pressão da solidão.

Somos dependentes da opinião dos outros. Precisamos, com palavras, ou apenas com um olhar, saber o que todos pensam de nós. Precisamos da aprovação dos pais, mesmo com 30 anos, morando sozinhos, num emprego estável, para fazermos algumas coisas. Necessitamos da aprovação do nosso chefe para colocarmos um projeto em andamento, ou para sair mais cedo do trabalho. Quando trabalhamos por conta, tendo nós uma empresa, ou sendo freelancers, ou autônomos, precisamos dos clientes. Precisamos do supermercado para comprarmos comida, já que, devido à evolução, perdemos nossa capacidade de caçar nossos alimentos. E, quando somos agricultores, ou pecuaristas, capazes de plantar ou criar o que comer, dependemos de clima, terra, pastagens boas para conseguirmos progredir.

Não somos completamente independentes. Há sempre um fator externo, ou interno, que nos prende à uma necessidade, à alguém, ou à alguma coisa. Somos livres, mas não independentes.

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